Você se considera uma pessoa carente? A resposta que você não quer ouvir: SIM, você é.
A maioria das pessoas vai responder que não. E 100% das pessoas vai estar errada quando responde que não.
Somos todos carentes na condição humana.
Sinto te informar: desde o momento em que você nasce, você tem essa necessidade de conexão chamada carência.
Mas aqui está o problema: ao longo da sua vida, essa carência pode ser tratada de uma forma saudável ou de uma forma distorcida. E é justamente essa distorção que define se você é apenas carente ou se tornou dependente emocional.
Como identificar se você é dependente emocional: 7 sinais que não mentem
Para alguns, a carência pode sufocar, como se deixasse a gente sem ar. Se você já sentiu do lado de dentro esse vazio, essa angústia que parece que literalmente você vai parar de respirar, você sabe do que eu estou falando.
Para outras pessoas, a carência se manifesta como um vazio, um buraco do lado de dentro, que deixa a vida meio sem cor, meio amarga.
Trago verdades: a falta de conexão gera angústia. E essa angústia pode se manifestar como raiva, tristeza, sensação de vazio, melancolia.
Mas como saber quando essa carência natural virou dependência emocional? Os sinais são bem claros:
- Você não consegue ficar sozinha sem sentir angústia
- Todas as vezes que a pessoa se diverte sem você, você sofre
- Você se submete para agradar o outro por medo de ser abandonada
- Você sente raiva quando se atropela nos relacionamentos
- Você procura “a qualquer custo” alguém para completar você
- Você não vive bem nem com a pessoa, nem sem ela
- Você usa o outro como “tampa” para seus vazios emocionais
Se você se reconheceu em vários desses pontos, vou te explicar uma diferença fundamental que vai te fazer entender por que você se sente assim.
Diferença entre solidão e solitude: por que isso muda tudo
Você sabe qual é a diferença entre solidão e solitude? Essa diferença é a chave para entender se você é dependente emocional.
→ Solidão é a dor de ser sozinho.
É aquela sensação desesperadora, como se você fosse morrer se não tiver alguém por perto. E a grande distorção da energia do amor nasce daí.
→ Solitude é o oposto.
É o prazer, o deleite de estar na sua própria companhia. É quando você se sente bem sozinha, não por desespero ou resignação, mas por genuinamente apreciar sua própria presença.
Ao passo que a solidão distorce a energia do amor, a solitude é a semente dessa energia. |
E aqui está o problema: quando você ainda não se treinou para transformar solidão em solitude, a sua carência vai necessariamente contaminar todos os seus relacionamentos. É aí que você entra num ciclo que eu conheço muito bem.
Por que pessoas carentes sempre atraem relacionamentos tóxicos?
Eu já fui refém desse vazio.
Sim, existe um vazio dentro de você.
Eu sei porque eu conheço muito bem esse vazio. Ele já me controlou e por muitos anos ele me dominou.
Quando você ainda não experimentou a sensação de estar bem sozinha, você vai morrer de medo da sua própria companhia.
Isso faz com que você tente se agarrar às pessoas com as quais você se relaciona. Você quer se misturar com elas, se fundir com elas. É como se você quisesse projetar todos os seus vazios internos naquela pessoa.
E aí, todas as vezes que ela se diverte sem você, não te dá atenção, ou vai fazer um programa que não te inclui, você sofre.
O problema é que quanto mais carente você é e menos habilidade você tem para lidar com a sua carência, mais dependente emocionalmente você se torna. E essa dependência cria um padrão destrutivo.
Como a dependência emocional arruína relacionamentos
A pessoa dependente emocional não consegue se virar sozinha na vida. Ela entende que depende emocionalmente do outro para ficar bem.
Então ela sai pela vida procurando, a qualquer custo, uma tampa para a panela dela ou a outra metade da laranja dela.
Só que tudo que é “a qualquer custo” é muito caro.
É claro que você pode preferir ter alguém ao seu lado para compartilhar a vida. Até aí eu te acompanho. Agora, você colocar isso como premissa para a sua felicidade te faz depender dessa pessoa para ser feliz.
Partilhar a sua vida com alguém é saudável. Fazer dessa pessoa a sua vida não é saudável. |
E é justamente essa dependência que gera um dos fenômenos mais comuns – e mais destrutivos – nos relacionamentos.
O que é carência afetiva e como ela se manifesta
O problema da pessoa que é carente, que não sabe lidar com a própria carência, é que ela não vive bem nem com a pessoa e nem sem a pessoa.
Porque com a pessoa, você tem tanto medo de ser rejeitada, de ser largada, que a possibilidade de estar só te assusta tanto.
Por quê? Porque você ainda não se treinou para transformar solidão em solitude. Você não desenvolveu a habilidade de ficar bem na sua própria companhia.
Então você tem tanto medo disso que dentro dos relacionamentos quer agradar o outro. Você acaba fazendo qualquer coisa, inclusive se submeter e se atropelar para agradar o outro.
Por quê? Medo do outro te deixar.
Mas aqui está o que acontece depois dessa submissão – e é algo que você provavelmente já viveu.
Por que você sente raiva depois de se submeter nos relacionamentos
Você se espreme, se atropela, se submete pelo medo que tem de ser deixada, de ser rejeitada.
E depois o que acontece?
Você sente raiva dessa outra pessoa e se conta a seguinte história: “Fulano fez com que eu me submetesse. Fulano me obrigou a me atropelar.”
Será que foi fulano?
Essa raiva que você sente quando se submete para caber dentro de um relacionamento é raiva de perceber que você depende daquela relação.
Que você ainda não se preparou para se virar, para dar conta de você mesma sozinha, e que, portanto, você não consegue ficar bem sem aquele relacionamento.
Você projeta essa raiva no outro, mas sinto te dizer: essa raiva é de você mesma.
E o pior é que esse padrão não fica restrito apenas aos relacionamentos amorosos. Ele se espalha por todas as áreas da sua vida.
Como a carência afeta outras áreas da vida: trabalho e família
Esse mesmo padrão acontece na vida profissional, nas relações familiares, em todos os contextos.
Quando você ainda não investiu muito em você, não se sente autoconfiante, então por medo de que aquela empresa te demita, por medo de que aquele sócio te rejeite, você começa a se espremer.
→Na vida profissional: Você se submete a situações que não concorda, aceita menos do que merece, tudo por medo de ficar desempregada.
→Nas relações familiares: Quando você ainda não é independente financeiramente ou emocionalmente dos seus pais, não adianta reclamar da interferência que eles fazem na sua vida.
O que acontece depois que você se espreme?
Você sente raiva. Raiva do sócio, raiva da empresa, raiva da família. Mas de novo: essa raiva é sua.
É a raiva de perceber que você não se tornou competente o suficiente para dar conta de si. E essa percepção te leva a uma conclusão sobre o que realmente significa liberdade.
Como conquistar liberdade emocional e parar de ser dependente
Todo mundo quer ser livre, mas as pessoas acham que liberdade é fazer o que bem entender. O nome disso é inconsequência, não é liberdade.
Liberdade é não depender. E ela nasce da capacidade de bancar a si mesma emocionalmente. |
A liberdade de verdade só existe quando você encontra dentro de você um lugar de paz que não depende de pessoas ou de circunstâncias específicas.
Porque se a sua paz depende das circunstâncias perfeitas, não é paz. O nome disso é controle.
Mas para conquistar essa liberdade, você precisa parar de fazer algo que provavelmente está fazendo sem perceber – e que não tem nada a ver com amor.
Diferença entre amor e dependência emocional: você sabe amar?
O outro não é uma tampa para sua panela.
Ele não é um band-aid para as suas feridas.
Não é responsabilidade do outro te dar aquilo que nem você se deu.
Fazer isso não tem nada a ver com amor.
Se você usa o outro como um tapa-buracos, como um band-aid para as suas feridas, como uma tampa para preencher os seus vazios, você não pode chamar isso de amor.
Essa é simplesmente uma relação utilitária.
Amor é quando você escolhe o outro para partilhar a sua vida com você, e não quando você usa o outro como um tapa-feridas.
Você não consegue fazer por ninguém o que ainda não fez por você mesma. |
Se você morre de medo da solidão, significa que você ainda não se aprecia o suficiente para ter prazer com a solitude.
Uma pessoa que ainda não construiu autoestima não é, em hipótese alguma, capaz de amar.
E se isso te incomoda, se você está se reconhecendo nesse padrão, talvez seja hora de fazer uma avaliação honesta.
Como saber se sou carente ou dependente emocional
- Se você não consegue ficar sozinha sem sentir angústia;
- Se submete nos relacionamentos por medo de abandono;
- Se sente raiva quando se atropela para agradar o outro;
Você provavelmente é dependente emocional.
A carência é natural – todos temos essa necessidade de conexão. O problema é quando você não desenvolveu habilidades para lidar com essa carência de forma saudável.
Carentes todos somos. Desde que a gente nasce, existe dentro da gente essa necessidade de conexão, e não há problema algum com isso.
A questão é como você lida com a sua carência.
Se você chegou até aqui reconhecendo os padrões, talvez esteja se perguntando: e agora, como eu saio disso?
Como parar de ser dependente emocional
Primeiro, reconheça o padrão. Depois, aprenda a transformar solidão em solitude.
Desenvolva autoestima e liberdade emocional para não precisar do outro para ser feliz.
O processo não é fácil, mas é possível. E começa com a consciência de que você está usando o outro como muleta emocional.
Quando você se treina para lidar com essa carência, você desenvolve a habilidade magnífica de transformar solidão em solitude. |
Essa, aliás, é de todas as alquimias da vida a mais preciosa e a mais necessária.
Mas se você continua atraindo sempre o mesmo tipo de pessoa problemática, existe uma razão específica para isso.
Por que você sempre atrai pessoas complicadas?
Porque você projeta seus vazios no outro. Quando você não está inteira, atrai pessoas que também não estão inteiras.
Gente saudável não gruda em gente tóxica. |
Se você sempre atrai o mesmo tipo de pessoa problemática, olhe para dentro. Qual parte sua se conecta com essa dinâmica?
A maior necessidade do ser humano é conexão. Mas a maioria se conecta pela dor, não pelo amor.
Como deixar de ser carente: teste de autoavaliação
Reserve alguns minutos para perceber, de forma muito honesta:
- Você tem projetado os seus vazios, as suas lacunas, a sua carência nos outros?
- Você tem usado os outros como band-aids, tapa-buracos?
- Você consegue ficar sozinha sem sentir angústia?
- Suas relações são um transbordamento de amor ou uma tentativa de preencher vazios?
Quando você sabe se amar, o relacionamento é um transbordamento desse amor que você sente, em princípio, por você mesma.
E se você não sabe, tá tudo bem.
Amor é algo que você precisa aprender a sentir primeiro por você, depois pelos seus filhos, namorado, marido, amigos, pelos seus pais.
Se você ainda não chegou lá, não tem problema. Mas pare de chamar dependência emocional de amor.
Esse texto fez sentido para você? Comenta aqui embaixo. Quero saber qual parte em qual parte você se identificou.
Bjs,
Eu todinha,bela reflexão
Fez total sentido. “A maioria se conecta pela dor nao pelo amor”.
Eu adorei tudo faz sentido, e é tudo que eu sinto
Preciso muito me libertar dessa dependência emocional
Mt.bomm.. td faz sentido.
Muito bom!👏🏼👏🏼👏🏼
Preciso aprender a me amar
Espetacular. Verdade latente.
Extraordinario. Poucos admitem a carencia. Mas, verdade somos carentes sim. Mas atingir a solitude e maravilhoso: eu rio de mim mesma , respondo as minhas perguntas converso comigo mesma. Estou sempre feliz com a minha companhia.
Me identifiquei com tudo e estou passando por isso, porém já reconheço que todo o problema da minha relação sou eu
Adorei a objetividade da descrição!
Muito a analisar! Obrigada.