Quais relações são desafiadoras para você? Existe alguma pessoa na sua vida que simplesmente tira a sua paz?
A verdade é que sempre tem aquela pessoa, aquele relacionamento que, de todos, é o que mais desperta seus monstros internos.
E sabe o que é mais engraçado?
Geralmente, essas relações que te desafiam são pessoas próximas e que não são fáceis de afastar da sua vida, como sua mãe, pai, filhos, irmãos.
Mas, e se eu te contar que essa dificuldade é proposital e pode te fazer bem?
E se eu te contar que você precisa dessas relações desafiadoras para olhar as partes que existem em você e que precisam de cura?
Vamos falar sobre isso, hoje.
Relações desafiadoras são holofotes para cura
Outro dia, eu estava conversando com uma amiga, que tem uma relação bem desafiadora com a mãe. Na conversa, ela disse a seguinte frase:
“A minha mãe desperta o pior que há em mim. Ela é capaz de despertar a minha pior versão.”
E, pensando nisso, eu gostaria de trazer uma provocação:
Aquelas pessoas que te fazem sentir descontrole, raiva, tristeza e mágoa, por exemplo, será que são elas que estão fazendo isso com você?
Ou será que elas estão simplesmente sendo personagens que a vida coloca de forma estratégica para que você não possa fugir do encontro com a sua própria bagunça interna?
Olha, ainda bem que essa minha amiga disse “a minha pior versão“, por que isso já é um indício de que ela sabe que aquela versão que foi despertada é dela.
A verdade é que se todas as pessoas despertassem a sua melhor versão, provavelmente, você nunca tomaria consciência das suas próprias sombras.
As pessoas se apropriam com muita facilidade das suas partes de luz, dos seus traços bonitos, das suas qualidades. Mas poucas conseguem se apropriar das suas partes sombrias.
É preciso aprender a se apropriar do que é seu. Olhar para o que o outro desperta em você e dizer “essa sombra aqui é minha”. E é aí que mora o desafio e é aí, também, que mora a cura.
Por que as relações desafiadoras existem?
Há uns anos, conheci o conceito do Acordo das Almas, através da Alexandra Solnado, e achei uma forma muito lúdica e didática para te ajudar a entender as relações difíceis da sua vida.
Eu não quero aqui questionar ou impor nenhum tipo de crença, apenas usar esse cenário como uma metáfora para explicar por que suas relações desafiadoras são um lembrete para sua cura, tá?
O Acordo das Almas explica que, antes de cada pessoa nascer, quando ela ainda é pura consciência, sua alma decide encarnar neste plano, com o objetivo de curar as suas bagunças internas.
Então, essa alma pede ajuda para uma outra alma para trabalhar os pontos que precisam ser melhorados nela durante a sua passagem pela Terra.
O papel dessa outra alma será justamente vir para este plano como uma pessoa próxima, como sua mãe, por exemplo, e ficar encarregada de cutucar os pontos mais sensíveis dentro da primeira alma.
Isso tudo como uma forma de incentivar o seu movimento de cura e escancarar as feridas que precisam ser curadas.
Acontece que, quando as duas almas descem para este plano, elas esquecem desse acordo e seguem a vida.
Mas o acordo segue feito.
A primeira alma segue querendo a cura e a segunda segue com o seu papel de provocadora para essa cura.
O outro é apenas um personagem
Se você olhar para o outro apenas como personagens e não protagonistas das suas bagunças, que nada mais fazem do que acordar os seus monstros internos, fica mais fácil se apropriar da sua própria bagunça.
Isso porque, ainda que você se afaste de alguém que te incomoda muito, a sua bagunça continua existindo dentro de você, e ela vai se manifestar com outros tantos gatilhos.
Ou seja, mesmo que você afaste permanentemente alguém que te desafia, as sombras continuam sendo suas.
E a vida, excelente professora que é, vai colocar outras pessoas de diferentes contextos e momentos para provocar a sua cura.
Como transformar uma relação desafiadora em leve e fácil?
A melhor coisa que você pode fazer para a sua cura e para melhorar as suas relações desafiadoras é se apropriar dessa bagunça interna que existe dentro de você.
Como é a sua relação com as suas sombras internas?
Você consegue admiti-las sem constrangimento?
Você percebe em você o hábito de transferir para o outro essa bagunça?
Em uma relação desafiadora, quando você transfere as suas próprias questões para o outro, a solução está no outro.
Se o problema da sua vida é aquela outra pessoa que faz determinada coisa e sempre te irrita, você fica dependente de que essa pessoa um dia acorde decidida a agir de forma diferente, para não despertar em você uma parte que não te agrada.
Percebe como a solução também é terceirizada?
Percebe como esse pensamento te coloca como refém da decisão de outras pessoas?
Agora, quando você traz para si a situação, você entende que aquela pessoa é apenas um gatilho, e que a desordem na realidade é sua. Sendo assim, quem precisa buscar a cura é você mesma.
Sua relação com a outra pessoa deixa de ser desafiadora e se torna mais leve.
Você se percebe como origem dos desconfortos, e não como vítima do que o outro te faz.
Se você é a origem, você é também a solução
Mas, sabe qual é a melhor parte?
Se você é origem do desconforto, então você tem o poder de corrigir a sua bagunça interna. Você tem o poder de se curar e de fazer com que aquela sombra não seja mais um problema para você.
Se apropriar das suas sombras é admitir que elas existem dentro de você e dizer:
“Está tudo bem, isso não me faz uma pessoa ruim. A minha parte menos bonita não me define, assim como a minha parte de luz também não faz isso. Eu sou as duas coisas, ora eu estou brilhando na luz e ora estou manifestando as minhas próprias sombras”.
Você consegue abraçar a dualidade que existe dentro de você e se dá a liberdade de ser humana. Você se presenteia com o direito de ter defeitos, que podem sim ser lapidados e melhorados.
Quando você se apropria das suas sombras, a cura se manifesta de uma forma leve.
Você para de se debater e de transferir para o outro a sua própria paz.
Consegue olhar para dentro sem auto julgamento e autopunição e identifica os seus pontos que precisam ser melhorados. Você cria espaço interno para que a sua parte de luz possa se manifestar.
Só que, para isso, é preciso parar de fingir que as suas sombras são consequência daquilo que os outros te fazem. Suas sombras são suas e o primeiro passo para a cura é se apropriar delas. E isso é uma decisão só sua.