Você já parou para pensar por que determinadas falas te incomodam tanto?
Por que aquele comentário da sua amiga ficou ecoando na sua cabeça o dia inteiro? Por que aquela opinião diferente da sua te fez sentir raiva?
A resposta pode ser mais reveladora do que você imagina.
Porque, no fundo, suas ofensas dizem muito mais sobre você do que sobre quem te ofendeu.
Seu cérebro não busca verdade — ele busca confirmação

Vou te contar uma verdade científica que pode mudar completamente a forma como você enxerga suas reações:
O seu cérebro não está procurando a verdade sobre as situações. Ele está procurando confirmar as verdades que você já guarda dentro de você.
Isso mesmo.
Quando você determinou que essa pessoa é chata, você vai procurar evidências para embasar que ela é chata. Se você determinou que ela é legal, você vai procurar evidências para embasar que ela é legal.
É tipo uma aula de neurociência isso aqui: o seu cérebro trabalha por confirmação.
Então, quando você não gosta de uma pessoa e ela faz algo bom, como é que seu cérebro vai ler? “Está querendo me enganar, né? Até parece que eu vou acreditar nisso.”
Mas quando você gosta da pessoa e ela faz algo ruim, como é que seu cérebro lê? “Não, essa pessoa não teve essa intenção, ela não estava num bom dia. Eu vou ligar para ela, vou oferecer uma ajuda.”
Não é assim que a gente age na vida?
É exatamente por isso que duas pessoas olham para uma mesma situação e interpretam de forma radicalmente diferente. Porque o cérebro delas está buscando evidências para confirmar as verdades internas que elas guardam.
💡Guarde isso: se eu seguro verdades internas diferentes das suas e a gente está vivendo uma mesma situação, enquanto o seu cérebro procura evidências para confirmar a sua verdade, o meu cérebro faz a mesma coisa.
E aí a gente acaba chegando em conclusões completamente diferentes sobre uma mesma situação.
Como saber se a ofensa é sobre o outro… ou sobre você?

Eu tenho uma frase que eu sempre, sempre peço para Deus: me mostra a verdade sobre isso.
Porque o tempo todo eu corro o risco de estar enxergando em situações só aquilo que confirma o que eu já acredito sobre a vida ou sobre aquela pessoa.
Se eu acho que alguém foi injusto comigo, eu vou começar a criar uma série de argumentos, uma série de justificativas para corroborar essa ideia de que aquela pessoa foi injusta comigo.
Então eu sempre tenho dentro de mim um “será”. Será que a minha interpretação está correta?
E o fato de eu me dar o benefício da dúvida abre espaço para que, ao invés de ficar só confirmando uma tese interna que eu tenha, eu possa olhar para a realidade procurando a verdade.
Mas o fato é que poucas pessoas estão interessadas em procurar a verdade.
As pessoas estão mais interessadas em ter razão, porque isso alimenta o ego delas, do que em questionar as certezas que elas carregam dentro de si.
É por isso que as pessoas perdem a habilidade de ter pensamento crítico. É por isso que as pessoas vivem num efeito manada.
Você está debatendo com o outro para evoluir ou para vencer?

A troca de ideia é saudável quando a gente de verdade quer trocar ideias.
Geralmente convicto não quer trocar ideia, porque ele já formou a convicção dele.
Agora, existem temas nos quais eu tenho crenças, nos quais eu tenho preferências, nos quais eu tenho algumas verdades que carrego, que não são convicções fechadas.
E é importante, ainda que eu não concorde com o que o outro diga, é interessante ver os argumentos do outro, porque de repente aquilo pode me fazer parar para pensar e reconstruir algumas coisas que, sem o ponto de vista do outro, eu não havia enxergado.
Eu tenho um casal de amigos que têm pontos de vista religiosos, sobre espiritualidade e até sobre Deus, diferentes. E a gente tem várias discussões muito saudáveis sobre isso, porque não existe a intenção de ninguém ali convencer ninguém.
A gente aceita que a gente pensa diferente, mas as discussões são muito ricas e a minha aposta é que cada um sai dessas conversas com insumos e conclusões diferentes.
Ninguém precisou alterar a própria visão, mas aquele ponto de vista do outro talvez altere o meu ponto de vista sobre alguma situação.
Então, onde há desejo e espaço genuíno para a troca, pode haver uma boa conversa.
Quando existe o desejo de convencer o outro ou o desejo egóico de provar que a minha verdade é melhor que a do outro, aí quase sempre vai ser uma discussão não só infundada, mas também inútil e que provavelmente acabará em conflito.
Como desenvolver maturidade emocional para não se ofender tanto

Primeiro você precisa saber que sim, é possível olhar para opiniões e verdades que outras pessoas carregam e julgar: “Nossa, isso não faz qualquer sentido.” Mas fazer isso sem incomodar.
Afinal, é o outro que está vivendo com aquela lente e não você.
Se faça um questionamento simples: por que eu vou pegar um negócio que é do outro e me incomodar?
Por que se tem um incômodo meu, é porque aquilo esbarrou em algum lugar meu que precisa ou espera que o outro seja diferente.
Ou às vezes você tem uma convicção, uma verdade, uma bandeira que você defende com muita força, mas aí alguém tem um ótimo argumento que você fica incomodado, porque você não sabe como responder, porque de repente aquilo ali expõe um furo naquela verdade que você estava defendendo com unhas e dentes, e aí o ego entra na frente.
Ao invés de você falar “Nossa, peraí que você tocou num ponto que eu não tinha parado pra pensar”, você fica com raiva.
Porque é como se o outro tivesse tirado um pedaço da sua identidade.
Aí quando alguém fala “Eu não concordo com esse pensamento que você tem”, você se sente pessoalmente atacado e ofendido.
Na hora de partir pro ataque, lembre-se também dessa lição valiosa:
Discutir com convicto é inútil.
E é pior ainda quando os dois são convictos e não concordam.
Porque a verdade fundamental que você precisa entender é essa: “Coisas que não me pertencem não deveriam me incomodar.”
Se incomodam, é porque encontraram velcro em você.
Então, ao invés de ficar com raiva de quem te ofendeu, que tal investigar: o que isso revela sobre mim? Onde está o meu velcro? Por que isso grudou?
Porque no final das contas, suas ofensas são seus melhores professores sobre quem você ainda precisa curar dentro de você.
💭 E você, já se sentiu profundamente ofendida por algo que depois percebeu que dizia mais sobre você do que sobre o outro?
📝 Me conta nos comentários o que mais mexeu com você neste texto — vou adorar ler e refletir junto com você.
🎧 Quer se aprofundar nesse tema? Ouça esse episódio do meu podcast que tem tudo a ver com o assunto.
Ou acesse a Trilha de Inteligência Emocional no programa Acenda sua Luz, clicando aqui para aprender a transformar incômodos em cura e maturidade emocional.
Bjs,
