Você já sentiu aquele aperto no peito quando compartilha seu trabalho e ninguém parece notar?
Já postou algo e ficou atualizando a tela para contar os likes?
Já entregou um projeto no trabalho e ficou esperando os elogios?
Eu já, muitas vezes.
Confesso que já passei noites sem dormir ruminando o porquê das pessoas não elogiarem meu trabalho. Do porquê o feedback positivo não veio daquele projeto. Já postei textos, vídeos e fiquei medindo meu valor pelos números que apareciam na tela.
E a verdade é que doía quando eles não vinham.
A falta de apoio parece tão pessoal, tão íntima, que fere partes profundas de nós. Mas o que realmente dói não é o silêncio dos outros, e sim a conversa interna barulhenta que temos depois disso.
💡O que dói não é a falta de aplausos, é a crença de que sem eles, não valemos nada. |
A armadilha que está te prendendo
O ser humano busca aprovação. Isso é parte da nossa biologia, não há nada errado nisso. O problema começa quando ancoramos nossa autoestima nesses sinais externos.
O trabalho, para muitas de nós, virou uma vitrine onde expomos não apenas nossas habilidades, mas também nosso valor pessoal. E quando ninguém para para olhar essa vitrine, sentimos como se nós mesmos não fôssemos dignas de ser vistas.
💡Seu trabalho é uma expressão do seu valor, não a fonte dele. |
Lembro de um período em que meu trabalho estava crescendo muito rápido. Os números subiam, os elogios chegavam, e eu me sentia no topo do mundo.
Então veio uma crítica forte, pública, que questionava não apenas o que eu fazia, mas quem eu era.
E tudo desmoronou.
Foi aí que percebi: eu havia construído um castelo de areia. Se meu valor estava tão atrelado aos aplausos, o que aconteceria quando eles parassem de chegar?
A máscara perfeita (e a prisão que ela cria)
A necessidade de aplausos raramente vem sozinha. Ela é apenas a ponta de um iceberg muito maior, cuja base está firmada nas suas inseguranças mais profundas.
Ninguém usa máscara porque quer enganar os outros. As pessoas criam versões de si mesmas porque querem ser amadas.
Quando você não acredita que quem você é, é suficiente para ser amada, você cria um personagem.
E é aí que nasce a dependência dos aplausos – a dependência da validação do olhar do outro sobre nós.
São mecanismos que a nossa versão insegura cria.
Não porque acordamos numa terça-feira e pensamos: “hoje vou enganar um monte de gente”.
Não é isso.
É que qualquer pessoa que se sente insegura vai procurar construir uma versão diferente para mostrar ao mundo.
Porque aí, pelo menos quando o mundo bate palma, ela se sente pertencente, vista, decente, amada.
Para muitas de nós, o trabalho se tornou o substituto perfeito para o amor incondicional que, em algum momento da vida, sentimos que nos faltou.
💡É mais fácil buscar reconhecimento profissional do que encarar aquela criança interna que ainda chora por atenção. |
Seu sucesso profissional nunca vai curar sua carência emocional. É como tentar encher um balde furado.
Conquistar um cliente importante parece menos difícil do que admitir que ainda carregamos a dor de não ter sido escolhidas.
Ganhar um prêmio é mais fácil que o trabalho interno de nos amarmos com nossas imperfeições.
E assim, vamos trocando a cura real pela anestesia temporária que os aplausos proporcionam.
7 sinais de que você é refém dos aplausos
Você está presa nessa armadilha? Veja se reconhece estes sinais:
1. Você adia compartilhar seu trabalho até que esteja “perfeito”.
Na verdade, você tem medo da rejeição.
2. Você fica devastado com críticas, mesmo as construtivas.
Porque interpreta feedback como ataque pessoal.
3. Você checa constantemente as métricas do que posta.
Como se aqueles números determinassem seu valor.
4. Você compara seu reconhecimento com o dos outros.
E sempre se sente muito longe, não importa o que conquiste.
5. Você muda seu jeito e princípios para agradar os outros.
Mesmo que isso signifique ser menos verdadeira.
6. Você diminui suas conquistas quando ninguém as celebra.
Como se precisassem de validação dos outros para serem reais.
7. Você tem dificuldade de separar quem você é do que você faz.
Quando seu trabalho falha, você se sente um fracasso como pessoa.
O preço que você paga pela dependência de aplausos
Quando você vive refém de validação dos outros, o preço é alto:
- Sua autenticidade é comprometida: Você cria o que acha que vai receber aplausos, não o que realmente acredita.
- Sua criatividade fica limitada: O medo do julgamento corta as asas da sua versão mais original.
- Sua alegria no processo desaparece: Você só consegue sentir prazer com o resultado, nunca com o caminho.
- Sua relação com o trabalho se torna tóxica: Ele deixa de ser expressão e vira obrigação em performar e produzir.
- Sua autoestima fica em constante montanha-russa: Subindo com os elogios, despencando com o silêncio.
O mais irônico?
Quanto mais você depende desses aplausos, menos verdadeiro seu trabalho se torna. E trabalho pouco autêntico raramente recebe reconhecimento.
É um círculo vicioso que você mesma alimenta.
Veja como a vida muda quando você se liberta da necessidade de aprovação:
O que acontece quando ninguém te aplaude (e por que isso pode te salvar)
Por incrível que pareça, foi quando menos apoio recebi que mais cresci. Porque quando não há plateia assistindo, você finalmente se pergunta:
“Para quem estou realmente fazendo isso?”
Nesse momento de clareza, nasce a possibilidade de escolher novamente. De decidir se você está criando para agradar os outros, ou a partir de uma conexão genuína com seu propósito.
💡A ausência de aplausos pode ser o presente que te liberta para criar e viver a partir da sua essência. |
Notei que minhas melhores criações, aquelas que realmente tocaram pessoas, vieram quando parei de tentar impressionar os outros.
Quando não estava mais calculando o quanto de aprovação aquele texto me traria, mas perguntando o quanto de verdade ele continha.
Não estou romantizando um caminho solitário. Sim, todos precisamos receber palavras de incentivo de pessoas que acreditem em nós. Mas existe uma diferença sutil entre ser nutrido pelo apoio e ser dependente dele.
O primeiro te fortalece; o segundo te escraviza.
A raiz da máscara
Agora, vamos a uma pergunta desconfortável: por que precisamos tanto que as pessoas batam palmas para versões irreais de nós?
As redes sociais não inventaram as versões fantasiosas das pessoas, nem o uso de máscaras.
Isso existe desde que o mundo é mundo. Porque existe dentro da maioria das pessoas uma sensação de não ser boa o suficiente.
Esta necessidade de validação tem raízes profundas:
Amor condicional na infância: Quando crescemos sentindo que somos amados apenas quando performamos bem.
Desconexão da própria essência: Quando perdemos contato com nosso valor interno e verdadeiro, acreditamos que quem somos de verdade “não presta”.
Comparação: Quando medimos nosso valor em relação ao sucesso e a vida dos outros e sempre saímos perdendo.
Medo do abandono: Quando acreditamos que, sem produzir valor e receber aplausos, seremos deixados.
Estas máscaras que criamos acabam nos aprisionando. No final, tentando ser amadas, as pessoas criam personagens que geram aplausos, mas nunca se sentem verdadeiramente reconhecidas – porque não é a elas que estão aplaudindo, mas às suas máscaras.
Quando entendi isso, comecei a me perguntar: o que me moveria mesmo se ninguém estivesse olhando? O que eu faria pela pura alegria de fazer?
A resposta a essa pergunta é o começo da sua libertação.
Como se libertar da prisão dos aplausos
Libertar sua autoestima da validação dos outros não acontece do dia para noite. É um processo. Mas aqui estão cinco passos que me ajudaram:
- Questione o padrão: Observe quando você está buscando validação e pergunte: “O que estou realmente buscando aqui? Que parte de mim precisa ser vista?”
- Reconheça seu valor interno: Desenvolva práticas diárias de validação. Celebre seus esforços, não apenas seus resultados. Escreva para si mesmo o reconhecimento que você gostaria de receber dos outros.
- Diversifique suas fontes de valor: Se todo seu senso de valor vem do trabalho, você estará sempre vulnerável. Cultive diferentes aspectos de si mesma.
- Busque feedback, não validação: Feedback te ajuda a crescer; validação apenas alimenta temporariamente o ego. Aprenda a diferença entre os dois.
- Crie a partir da abundância: Crie porque você transborda, não porque você está vazia. A criação que vem da plenitude tem uma energia completamente diferente.
💡O silêncio dos outros deixa de ser tão ensurdecedor quando você começa a ouvir e validar a sua própria voz. |
A verdade sobre reconhecimento que ninguém te conta
Quando você deixa de criar para impressionar e começa a criar a partir da sua verdade, quando você tira a máscara e se permite ser quem realmente é, o reconhecimento geralmente chega.
Mas quando ele chega, você percebe que não precisa mais dele da mesma forma desesperada.
O aplauso se torna uma celebração para compartilhar, não uma necessidade.
Quando você para de sentir que “quem você é não presta” e começa a mostrar sua versão autêntica, algo mágico acontece: você atrai pessoas que te valorizam pelo que você realmente é, não pelo personagem que você criou.
Não estou dizendo que você nunca mais sentirá a dor da rejeição ou a alegria do reconhecimento. Sentirá ambos, porque é humano. Mas essas experiências não definirão mais seu valor.
Você terá finalmente entendido que seu valor não está no que você faz ou no personagem que criou, mas em quem realmente você é.
Exercício: O Ritual do Desapego
Aqui está um exercício prático para começar a se libertar:
- Escolha um projeto ou trabalho que você valoriza de verdade
- Compartilhe-o com o mundo sem expectativas de retorno
- Observe as emoções que surgem quando não há validação imediata
- Escreva para si mesma o reconhecimento que você gostaria de receber dos outros
- Conecte-se com o valor verdadeiro que o processo te trouxe, independente da reação dos outros.
Trabalhar sem apoio não é fácil, mas pode ser profundamente libertador. É no silêncio que muitas vezes encontramos nossa voz mais autêntica.
É na ausência de aplausos que descobrimos porque realmente criamos.
💡Trago verdades: aplauso é um bônus, não uma necessidade. Seu valor vai muito além de qualquer reação que seu trabalho possa provocar. |
Uauuuu! que libertação amei muito finalmente encontrei conteúdo que vai me libertar e despertar, muito obrigada