Existe uma frase que eu falo muito que é: o que não se cura no CPF transborda no CNPJ.
Sabe aquela colega de trabalho que vive buscando validação do chefe? Ou aquele funcionário que tem problema com qualquer tipo de hierarquia e vive sendo o rebelde do escritório?
Pois é. Não é coincidência…
O que acontece é simples: o que você não curou na sua vida pessoal vai aparecer – e muito – na sua vida profissional. E aí, o estrago pode ser grande.
Por que suas feridas emocionais aparecem no trabalho?

A verdade é que você não transborda o que você quer. Você transborda quem você é.
Se você ficou carente porque o pai e a mãe não te deram atenção, você vai chegar no ambiente de trabalho buscando validação o tempo todo.
Vai ser aquela pessoa que toda hora precisa de um “tá bom”, de um “muito bem”, de um tapinha nas costas.
Se você teve uma criação muito rígida, criou um problema com figuras de autoridade. E aí? Você vai ter problema com hierarquia. Vai ser a pessoa rebelde. Aquela que questiona tudo, não porque tem senso crítico, mas porque tem raiva mal resolvida de quem manda.
E sabe o que é pior? A gente acha que isso é “personalidade”. Mas não. Isso é ferida não curada.
Quando eu falo que o que não se cura no CPF transborda no CNPJ, eu tô falando exatamente disso: a sua vida pessoal e a sua vida profissional não estão separadas.
Você é uma pessoa só. E essa pessoa leva suas inseguranças, seus traumas, suas birras de criança para todos os ambientes.
No trabalho você vai ser testada. Vai receber feedback. Vai ter que lidar com autoridade. Vai ter que entregar resultado. Vai ter que conviver com gente que você não escolheu.
E aí todas as suas feridas vão aparecer.
Relações profissionais são utilitárias — e tudo bem

Porque é, gente. E não tem problema nenhum nisso.
Você está ali numa troca. Você presta um serviço, alguém te paga. Ou você paga alguém para te prestar um serviço. A base é utilitária.
Pode existir afeto? Pode. Você pode gostar muito de um funcionário seu, pode ter amizade com seu chefe, pode adorar aquele cliente. Mas se a utilidade para de existir, grandes chances da relação profissional ser interrompida.
Imagina: você tem um funcionário que você adora, mas ele não entrega resultado. Custa dinheiro, você dá feedback, desenvolve, e nada muda. Você vai manter ele só porque gosta dele? Muito pouco provável.
Por quê? Porque a base daquela relação é profissional. É utilitária.
E tem o contrário também: aquele cliente chato, mas que te paga bem e te paga em dia. Você vai dispensar ele só porque acha ele chato? Óbvio que não.
Você está confundindo afeto com utilidade?

Aqui que mora um dos maiores problemas: muita gente confunde relação utilitária com relação afetiva.
Deixa eu te explicar a diferença.
Nos dois tipos de relacionamento – profissional e afetivo – existe troca utilitária e existe afeto. Mas a BASE é diferente.
Quando você escolhe as pessoas que vai conviver socialmente, a pessoa que vai casar, as amigas que vai ter, você vai por afinidade. A base é o afeto.
Claro que existe utilidade também – seu marido carrega sua mala, sua amiga te faz companhia quando você quer tomar um vinho. Mas se a utilidade falhar, você não vai acabar com a relação. Você vai é ficar chateada, dar uma briga, mas continua junto porque o que une vocês é o afeto.
Agora, nas relações profissionais? A base é a utilidade.
Sinais de que suas feridas estão sabotando sua carreira
- Você busca validação o tempo todo. Precisa que te elogiem, que reconheçam cada coisa pequena que você faz. Se o chefe não te dá atenção, você fica mal.
- Você tem problema com hierarquia. Questiona tudo, é rebelde sem causa, tem dificuldade de aceitar ordens mesmo quando elas fazem sentido.
- Você se ofende fácil com feedback. Qualquer crítica parece um ataque pessoal. Você não consegue separar quem você é do que você faz.
- Você transforma o ambiente de trabalho em terapia. Fica contando sua vida, esperando que as pessoas te acolham, querendo que todos sejam seus amigos.
- Você se sente rejeitada quando alguém é só profissional com você. Aquele colega que é cordial mas não quer intimidade te incomoda.
- Se você se reconheceu em algum desses pontos é porque suas feridas pessoais estão transbordando na sua vida profissional.
E agora? O que fazer com isso?
Primeiro: respira fundo antes de se julgar.
Todo mundo tem feridas. Eu também já tive. Já fui essa pessoa que buscava validação. Já confundi as coisas.
A questão não é se você tem feridas ou não. A questão é: o que você vai fazer com isso?
Porque você pode continuar iludida, achando que o problema é sempre o outro, que seu chefe é frio, que seus colegas são falsos, que ninguém te valoriza. Ou você pode olhar pra dentro e reconhecer: opa, tem algo MEU aqui que precisa ser curado.
E quando você faz isso, quando você assume a responsabilidade pelas suas feridas, você ganha poder. Porque aí você pode agir.
Você pode procurar terapia. Pode estudar sobre inteligência emocional. Pode começar a observar seus padrões. Pode, aos poucos, parar de levar suas birras de criança para o ambiente profissional.
A verdade é que só quem escolhe curar as feridas emocionais ganha liberdade de verdade — liberdade para crescer, se relacionar com mais leveza e, sim, prosperar na carreira.
Se esse texto despertou algo em você, eu te convido a aprofundar esse tema no episódio “Relações utilitárias” no meu podcast.
🎧 [Clique aqui para ouvir o episódio]
É como se eu te enviasse um áudio curtinho, te ajudando a resolver esse assunto. Depois me conta o que achou lá no meu instagram @carolrache?
Vai com calma, com coragem e com verdade.
Bjs,
