Carol Rache

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“Já parou para refletir quais são os atributos necessários para que você enxergue uma pessoa com olhos de entusiasmo?”

O que te faz admirar alguém?

Já parou para refletir quais são os atributos necessários para que você enxergue uma pessoa com olhos de entusiasmo?

Estamos tão contaminados pela noção de que o valor de uma pessoa é medido pelos resultados dela que acabamos por eleger nossos ídolos tomando como base apenas o número de dígitos e méritos que conseguem manifestar e deixando de considerar o mais importante: qual é o verdadeiro impacto que deixam no mundo?

É claro que resultados expressivos são inspiradores e fascinantes. Mas será que o valor das pessoas pode ser medido por isso?

Será que, quando a Decca Records recusou os Beatles, em 1962, o trabalho deles perdeu valor? Será que eles magicamente se tornaram competentes depois que alguém no mercado decidiu apostar neles ou será que sempre foram “os caras”, mas até que a Parlophone os descobrisse apenas não haviam tido a oportunidade de se fazerem reconhecidos?

Se, por circunstâncias adversas, jamais tivessem ganhado reconhecimento mundial, isso mudaria o talento deles?

Minha aposta é que não. O mundo teria perdido contribuições preciosas, mas eles não teriam perdido valor enquanto pessoas ou músicos. Pessoas “não escaladas” também podem ser valorosas e talentosas.

É tão simples ser engenheiro de obra pronta, né? Bater palma para alguém que já “virou” e seguir o efeito manada. É fácil avalizar o conteúdo de alguém quando o mercado já o fez. Mas será que o valor pessoal desses ídolos, nesses casos, está sendo medido por quem eles são e pela qualidade do que oferecem ou pelos resultados que manifestaram? Deixariam de ser dignos de admiração se, amanhã, não entregassem resultado algum?

Será que estamos tão obcecados por provar nosso valor pelos nossos resultados que acabamos avaliando as pessoas que nos cercam a partir dessa mesma matemática?

A verdade é que, quando nós atrelamos nosso valor pessoal a reconhecimento e resultados, acaba sendo inevitável medir o valor das outras pessoas por essa mesma régua.

Contudo, é perigoso demais acreditarmos que somos o que fazemos. Porque nossos resultados dependem muito do nosso movimento, mas são impactados por inúmeras variáveis que fogem ao nosso controle.

Ontem você era considerado bem-sucedido porque tinha um ótimo cargo ou porque produzia milhões. Basta uma pandemia, uma mudança no cenário político ou uma alteração no dólar para que seu cargo caia por terra ou sua capacidade de produzir muitos dígitos fique comprometida. O curioso é que você continua o mesmo. O que mudou foi externo. Porém, na maioria dos casos, a superidentificação com resultados é forte o suficiente para que você acredite que deixou de ter valor. Percebe o perigo?

Suspeito que o nosso conceito de “bem-sucedido” precise ser atualizado. Nós somos muito mais a qualidade do impacto que causamos no mundo do que o tamanho dele.

E, para essa atualização, gostaria de propor um exercício de autorrevisão. Pare, respire e questione quem são as pessoas que você admira e por que o faz. Liste seus ídolos, e será fácil ter um autodiagnóstico sobre os seus valores.